Nhô Aníbal: Comerciante, poeta e dramaturgo
De seu nome próprio Aníbal Adolfo Avelino Henriques nasceu em 1890 e faleceu a 17 de Dezembro de 1963, aos 73 anos devido agravamento de uma doença súbita. Figura controversa, social e politicamente critico, sempre posicionou-se contra os poderes constituídos e a estratificação social vigente, embora nunca se tenha abdicado do seu “status”. Politicamente era anti-salazarista e apoiou a lista dos Generais Norton de Matos e o Humberto Delgado e manifestou uma vez que “ Só não queria morrer sem assistir a queda deste regime”, o que não se concretizou.
Socialmente era revolucionário assumido em prol da abolição dos preconceitos raciais.
Em 1917 constitui o grupo de Sete Estrelos que desenterrou a bandeira de São Filipe e convidou populares e pessoas do interior a participar nas festas. Formou o grupo desportivo Luso integrado por pessoas “ditas” de 2ª e 3ª sociedades, rival de Onze Estrelas formada por elite da Vila. Fundou o grupo feminino Bem-Académica adversário do grupo estilista feminino “Estrelas Unidas”.
Anho Aníbal, foi comerciante, proprietário, poeta e dramaturgo. Tinha duas características – espírito de humor e o seu génio irascível, Seus alvos eram autoridades oficiais – governadores e administradores. Escreveu varias composições que ainda são celebres na ilha, como “grandeza di Djarfogo”. Muitas pessoas da época insinuavam que Nho Aníbal era o autor dos versos cantados pelo trovador, Príncipe de Ximento (Chimento). As peças teatrais e versos sarcásticos escritos, levou o escritor Baltazar Lopes a apelidar-lhe de “Gil Vicente do Fogo”.
“Ami, es homi n´câ sabê cumó qui êl ê sin! Burro ê câ el pamó el studa, el ten scola: dôdo in cal fra, pamodi dôdo rico câ ten; anton ê malcriado qui ê el!!” – desabafo de um home do interior da ilha em relação a Nhô Aníbal.