quinta-feira, 21 novembro 2024

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Equipa técnica da Universidade de Barcelona termina missão ao Ilhéu de Cima

Uma equipa técnica da Universidade de Barcelona (Espanha) terminou uma missão ao Ilhéu de Cima (Ilhéus Rombo e Seco) para delimitar a área de alimentação e o mapeamento da área de reprodução das distintas aves marinhas.

A equipa, chefiada pelo professor do Departamento de Biologia Animal da Universidade de Barcelona, Jacob Gonzalez-Solis, que há vários anos estuda a população de aves marinhas nos ilhéus, passou 35 dias para identificar a rota que os animais fazem para buscar os alimentos e o tempo de permanência nessa área.

A deslocação, que se enquadra no projecto de preservação das aves marinhas em Cabo Verde, financiado pela Fundação Mava e executado através da parceria entre as universidades de Barcelona (Espanha) e Coimbra (Portugal) e várias ONG cabo-verdianas, e a chegada ao Ilhéu de Cima, coincidiu com o período de incubação de Pedreiros, uma das quatro espécies com uma população expressiva neste espaço geográfico.

Segundo Jacob Gonzalez-Solis, durante a estada no Ilhéu de Cima, a equipa procedeu à colocação de um pequeno GPS, de três gramas, na cauda do animal por um período de uma semana a 10 dias, para identificar a rota dos animais para buscar os alimentos.

O especialista explicou que a maior parte das aves ruma para o sul ou para oeste, o que demonstra que os animais conhecem bem as suas áreas de alimentação e sabem orientar no mar, apesar de inexistência de muitos pontos de referencia, e que as aves têm algum mecanismo que lhes permitem conhecer onde buscar os alimentos.

Segundo o professor, durante o período de incubação, o macho e a fêmea fazem turno alternado de cinco a dez dias, enquanto um está no ninho o outro está à procura de alimentos.

Outro trabalho realizado pela equipa foi efectuar fotografias com recurso a “drone” para começar a mapear as áreas de reprodução das distintas aves marinhas no Ilhéu de Cima, disse o especialista, indicando que a utilização do “drone” deve-se ao facto destas áreas de reprodução não serem acessíveis, por um lado, e, por outro, para evitar a danificação dos ninhos que são feitos na areia.

“A única maneira de conhecer a situação é fazer fotografias com “drone” e as fotografias serão trabalhadas para reconstruir e geolocalizar as áreas que os animais utilizam para nidificação e ter um primeiro mapa de uso de solos pelas aves marinhas no Ilhéu de Cima”, disse Jacob Gonzalez-Solis, indicando que existem áreas que são utilizadas e outras não, daí a importância em conhecer exactamente onde estão os ninhos e fazer estimativa da população das aves marinhas que estão a reproduzir neste espaço.

Este trabalho, segundo explica, terá continuidade no próximo ano para o mapeamento da área de reprodução com muita precisão das áreas que estão a ser utilizadas para nidificação pelas aves marinhas (João Preto, Pedreiro, Pedreiro Azul e Pedreirinho), as quatro espécies que reproduzem neste espaço.

A equipa mostrou-se triste com ausência de Alcatraz, apesar de no passado havia uma população estimada em mais de 300 casais desta espécie, mas agora não existe nenhum casal a reproduzir devido a influência do homem por ausência de protecção do ilhéu.

“Se protegemos este Ilhéu, de certeza que Alcatraz vai regressar e reproduzir neste espaço, mas tem de haver uma protecção efectiva, porque o Ilhéu de Cima é uma área protegida só no papel, porque não tem realmente uma protecção efectiva, os pescadores ficam quando quiseram”, disse Jacob Gonzalez-Solis.

Este espera que a situação de fiscalização se altere, já que a Policia Marítima dispõe de uma embarcação e pode fazer a fiscalização dessa área para a protecção efectiva do Ilhéu, não somente para as aves marinhas como para as tartarugas.

O especialista recordou que o Ilhéu de Cima foi declarado uma reserva integral há muitos anos e que agora a Direcção Nacional de Ambiente (DMA) está a iniciar a segunda fase de delimitação desta reserva e numa terceira fase será elaborado um plano de gestão.

Com a delimitação efectiva da área, será definido realmente que parte é protegida, se apenas terrestre ou se abrange área marítima.

A primeira fase do projecto, cujo término será em finais de 2019, com possibilidade de uma segunda fase de mais dois ou três anos, vai abranger todas as aves marinhas de Cabo Verde e todas as áreas importantes de reprodução das distintas espécies, sendo as áreas mais importantes as dos ilhéus Raso e Branco e a ilha de Santa Luzia (Barlavento) e os ilhéus Rombos, Grande e São Lourenço (Sotavento).

Com Inforpress

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