Os pescadores da zona norte que operam no porto de Salinas começaram a ocupar, de forma unilateral, os abrigos construídos no quadro do projecto “Ecoturismo na piscina natural de Salinas” para colocação dos seus materiais de pesca.
Toty di Luta e António Ledo Pontes, também conhecido como António di Bebeto, em nome das mais de três dezenas de pescadores que utilizam Salinas como porto de desembarque, disseram à Inforpress que há cerca de dois anos que os pescadores estão à espera do espaço e que não percebem a razão por que a câmara não os disponibiliza, sabendo que estão concluídos.
Para os representantes dos pescadores, estando os abrigos prontos com portas e pinturas, a autarquia devia entregá-los aos mesmos, evitando que continuem a deixar os seus materiais de pesca, nomeadamente motores de popa, na rua correndo riscos de serem roubados ou danificados por outras pessoas.
A câmara devia entregar os abrigos aos pescadores que passam a ser responsáveis pelos mesmos e na altura de inauguração os espaços serão desocupados para o acto e de seguida voltam a colocar os seus materiais de pesca como aconteceu por ocasião da pintura, vaticinam os pescadores, que decidiram avançar com a ocupação na ausência de uma decisão da câmara enquanto dono do projecto.
Em declarações à imprensa os representantes dos pescadores fizeram saber de que não vão desocupar o espaço e solicitam a presença do presidente da câmara de São Filipe e do responsável da empresa que está a executar a obra para uma reunião e explicar aos pecadores a razão de tanto atraso na sua conclusão.
Por outro lado, os pescadores consideram que a construção do arrastadouro das embarcações de pescas não será concluída nos próximos meses, porque habitualmente entre Outubro a Junho regista-se fortes ondulações que impedem a realização dos trabalhos.
Um dos pescadores que utilizam este porto há varias décadas, explicou que no começo das obras do arrastadouro aconselhou que na construção se priorizasse a parte submersa e não começar os trabalhos da terra para o mar como optaram.
Outra questão que os preocupa, além do arrastadouro, é a forma como efectuam neste momento o arrasto dos botes, que no dizer dos mesmos representa um perigo eminente, assim como a não construção do muro de um metro de altura para evitar que as águas do mar atinjam as embarcações.
Alguns trabalhadores, nomeadamente algumas mulheres que disponibilizaram materiais de construção, nomeadamente inertes, reclamam o pagamento de um certo montante e outros queixam-se de dois meses de salário em atraso, sem quaisquer justificações por parte da empresa construtora.
No local não foi possível contactar qualquer responsável da empresa que não dispõe de um estaleiro de obras na estância balnear de Salinas.
O projecto “Ecoturismo na piscina natural de Salinas”, recorda-se, é financiado pela União Europeia, e a previsão para o término das obras foi Novembro de 2018, conforme ficou estipulado na altura do lançamento da primeira pedra ocorrido em Março do mesmo ano.
O projecto beneficia de um financiamento da União Europeia no valor de 357.499 euros, mais de 39.300 contos), corresponde a 75 por cento (%) do investimento total que é de 476.666 Euros (52.400 contos cabo-verdianos), e tem como objectivo global a diversificação da oferta turística do Fogo.
Salinas é uma baía que abriga um pequeno porto de pesca e uma piscina natural desenhada pela rocha vulcânica e uma das principais referências turísticas da ilha do Fogo (uma das sete maravilhas da ilha) e com a execução do projecto as autoridades locais esperam que este espaço, que já é visitado por muitos nacionais e turistas, passam a receber muito mais gente porque passa a oferecer outras condições.
O projecto surge no contexto da definição estratégica do posicionamento de São Filipe e da ilha no desenvolvimento da actividade turística.
Inforpress/Fim