O Projecto Vitó identificou mais de 200 ninhos de desovas e 330 rastos de tartarugas nas praias da ilha do Fogo e dos Ilhéus Rombos, no quadro da campanha de conservação das tartarugas, iniciada a 07 de Julho.
O projecto de conservação e uso sustentável dos recursos Projecto Vitó, segundo o seu director executivo, Herculano Dinis, identificou na ilha do Fogo cerca de 50 ninhos com maior incidência na praia de Fonte Bila (São Filipe), praia Grande (Santa Catarina) e praia de Cais (Mosteiros), assim como noutras praias já que o projecto está a cobrir, este ano, todas as praias dos três municípios.
Nos Ilhéus Rombos, segundo o mesmo, a equipa já identificou um total de 333 rastos e 179 ninhos, numa altura em que ainda se está no início da campanha e, por isso, acredita que o número de ninhos e rastos vão crescer “de forma exponencial”.
O director executivo do Projecto Vitó disse que a campanha está a decorrer “muito bem”, já que este ano trabalha em parceria com as delegações do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) das ilhas do Fogo e Brava, associação Propesca e as câmaras municipais da ilha do Fogo, nomeadamente a de Santa Catarina que, segundo Herculano Dinis, tem sido a principal parceira.
Este reuniu-se terça-feira com a autarquia dos Mosteiros, faltando a de São Filipe, onde ainda existe a questão de apanha de areia, que no entender do projecto “é incompatível com a protecção de tartarugas”.
Este ano o projecto conta com 20 guardas nas praias da ilha do Fogo e a partir de 01 de Agosto vai ser contratado mais três para o município dos Mosteiros, observando que a câmara de Santa Catarina comparticipa com dois guardas e Mosteiros com um, e que os demais são pagos no âmbito do protocolo assinado no valor três milhões de escudos com a delegação do MAA em representação da Direcção Nacional do Ambiente (DNA).
Nos Ilhéus Rombos, o projecto trabalha em colaboração com associação Bisflor e ali tem neste momento cinco técnicos de forma permanente, sendo dois monitores e três biólogos que vão acompanhar toda a campanha de reprodução durante a temporada de desova.
Não obstante isso, existem problemas de captura e neste momento há cinco abates confirmados, sendo dois nos Mosteiros, um na praia de Fonte Bila (São Filipe) e dois nas praias de Santa Catarina, embora haja “rumores e indícios” de “muito mais capturas”, referiu aquele responsável, indicando que o projecto já registou duas queixas de criminalização de carne de tartaruga no município de Santa Catarina.
Mas o grande problema, explicou Herculano Dinis, continua a ser a extracção de areia nas praias, sobretudo de Fonte Bila, observando que no início desta semana duas tartarugas desovaram perto do local de extracção, recebeu a garantia do delegado substituto do Instituto Marítimo Portuário, que após a conclusão das licenças emitidas, a partir de hoje, seria suspensa a apanha de areia na praia de Fonte Bila.
“Mas apanha é um problema que está espalhada pela ilha inteira, com pequenas praias nos Mosteiros a serem degradadas, mas existem outras praias como a de Outra Banda (São Filipe) onde se está a ser constantemente extraída areia”, disse Herculano Dinis.
Segundo o mesmo, o projecto tem noção da complexidade da questão, mas já é momento dos responsáveis municipais e governamentais, incluindo a DNA e o próprio director nacional do Ambiente, que lutou contra esta questão, que é antiga, de tomar acções concretas para resolver a situação e dar alternativa a construção civil.
“Não podemos esperar que as praias terminam para encontrar uma solução sabendo que é possível, encontrar alternativas para esta questão, através de importação, produção de areia mecânica ou com modernizações de sistema de construções, soluções e alternativas que foram encontradas em outras partes e que podem ser trazidas para a ilha”, conclui.
Inforpress/Fim