O projecto de conservação e uso sustentável dos recursos “Projecto Vitó” defende a criação de uma área protegida na zona norte da ilha para a protecção das espécies identificadas na região, disse o director executivo do projecto.
O Projecto Vitó é, Segundo Herculano Dinis, uma organização não governamental (ONG) que tem estado a desenvolver um conjunto de trabalho de conservação.
Tem neste momento, segundo a mesma fonte, quatro projectos em andamento, está na fase de levantamento dos recursos naturais existente na zona norte e a ideia é elaborar uma proposta para criação de mais uma área protegida, se não for um Parque Natural, ao menos que seja de categorias diferentes, mas que garante protecção das espécies que estão nessas áreas.
O limite da nova área protegida no topo seria de mil metros de altitude e que estenderia desde as praias de Pesqueiro, antes da zona de Ponta Verde (São Filipe) até Fajãzinha (Mosteiros), isto porque, explica o director executivo do Projecto Vitó, o limite do Parque Natural do Fogo (PNF) na zona norte e Bordeira começa a partir de 1800 metros de altitude e o levantamento que está sendo feito é na parte baixa, até mil metros de altitude.
O trabalho de conservação das espécies na zona norte permitiu a equipa do projecto identificar uma grande potencialidade de recursos naturais, e segundo Herculano Dinis, já foi identificado colónias de espécies como Cagarra (uma espécie endémica e ameaçada que nunca tinha sido identificado na ilha do Fogo) e Rabo Junco, mas também colónia de Gongon e áreas do seu acasalamento, em Monte Vaca.
Além disso, adiantou o director executivo do Projecto Vitó, a equipa identificou na zona norte uma “população importante” de um lagarto, que é o maior de Cabo Verde, chamado de “Chinel”, adiantando que tem ainda todas as questões relacionadas com as espécies de flora com identificação de mais de 20 espécies, incluindo duas espécies de arvores, o Dragoeiro e Marmulano.
Segundo o mesmo na zona norte, abaixo de mil metros de altitude, foram identificados 19 indivíduos de Dragoeiro e 240 indivíduos de Marmulanos quando tinha a indicação de existência de apenas 98 Marmulanos em toda a ilha do Fogo, que é uma das espécies de arvores mais ameaçados de Cabo Verde e de toda a Macaronésia.
Para além de aspectos relacionados com recursos naturais e biodiversidade, também existe toda a parte de geologia, como Monte Preto que é um vulcão fora de Caldeira e que foi activo no passado, praias de areia negra de Salinas, Outra Banda e várias outras utilizadas para nidificação de tartarugas, e uma comunidade com uma cultura forte com festas como a Banderona, agricultura sustentável como a fruticultura.
“É tudo isso que leva-nos a defender que pode ser criado uma outra área protegida na ilha do Fogo, na zona norte, promovendo a conservação de todos os aspectos da biodiversidade, geodiversidade e sociocultural que é a integração da comunidade dentro de uma área protegida de forma sustentável e a gestão de todos os recursos”, advogou Herculano Dinis, observando que é isso que o Projecto Vito pensa, que com todos esses recursos existem elementos para criação de mais uma área protegida para preservação de recursos e melhorar as condições de vida das pessoas.
Questionado se não seria criar por criar tendo em conta a gestão deficitária do Parque Natural do Fogo, este disse que neste momento a estratégia do Governo, segundo informação de Direcção Nacional do Ambiente, passa pela realização de um estudo de consultadoria para determinar a melhor forma de gestão das áreas protegidas, observando que uma ONG como o Projecto Vitó, com recursos que consegue mobilizar, a equipa diversificada que tem, com os parceiros internacionais e nacionais, como Universidades, e com as associações comunitárias que há muito tempo trabalha dentro da área protegida, seria o momento para avançar com a cogestão e atribuir responsabilidade a organizações suportadas pela DNA, através das delegações do MAA.
O Projecto Vito trabalha neste momento com quatro projectos de conservação, nomeadamente de conservação de plantas endémicas e ameaçadas, conservação de repteis endémicas, projecto de conservação de tartaruga e o projecto de conservação de aves marinhas, contando com uma equipa de quase 40 pessoas para as ilhas do Fogo, Brava e Ilhéus Rombos.
Inforpress/Fim