A intervenção na praça João Paes, na cidade de São Filipe, cujo concurso publico já foi lançado, visa a sua requalificação mas também tentar repor a situação anterior a intervenção do passado que “descaracterizou” este espaço público.
A informação foi avançada à Inforpress pelo presidente do Instituto de Investigação do Património Cultural (IPC), Jair Fernandes, que termina hoje uma visita de quatro dias às ilhas do Fogo e Brava, no quadro da coordenação do eixo IV do Programa de Requalificação, Reabilitação e Acessibilidade (PRRA), tendo reconhecido que a praça João Paes sofreu uma intervenção, que “infelizmente descaracterizou” este espaço público e de memória completamente”.
O que se vai fazer com a intervenção, que representa um investimento de mais de oito mil contos, é, segundo o presidente do IPC, retirar a camada de cimento, trabalhar o espaço verde, com introdução de pequenos arbustos, a questão de iluminação, não só voltado para o espaço, mas também ao redor, permitindo a visualização completa deste espaço de memória.
Para além da retirada de toda a laje de betão, o projecto de requalificação prevê calcetamento artístico, um pouco mais apropriado para o espaço e para tentar repor a situação que existia antes da intervenção.
Igualmente haverá uma intervenção à volta dessa infraestrutura, incluindo as estradas e passeios, estando em fase de maturação a possibilidade de se ir um pouco mais além relativamente aos edifícios emblemáticos (sobrados) das redondezas, pelo menos a nível de pequenas intervenções nas fachadas, mas, segundo Jair Fernandes, “ainda está em fase de estudo por serem propriedades privadas”.
A requalificação da praça João Paes (4 Setembro) enquadra-se no eixo IV do Programa PRRA, eixo coordenado pelo Ministério da Cultura e das Industrias Criativas, através do IPC e segundo o presidente desta instituição de promoção cultural, depois de ultrapassar o processo burocrático o projecto será maximizado, com entrada do novo parceiro “o projecto Sosturmac” (Tenerife – Canárias).
Segundo o presidente do IPC a intervenção do “projecto Sosturmac” vai incidir apenas no coreto e PRRA na parte restante da praça, acrescentando que está-se a trabalhar com as Canárias a sustentabilidade energética dos edifícios patrimónios e que a Câmara de São Filipe é um dos edifícios alvos assim como o coreto da praça.
Jair Fernandes indica que além do eixo IV, existe um outro eixo, o III, em que o IPC está a prestar assessoria às câmaras municipais e que nesta perspectiva a equipa do Instituto do Património Cultural teve duas importantes reuniões com a autarquia, sendo uma de carácter técnico onde a equipa do Instituto teve a oportunidade de percorrer todo o centro histórico e ver as propostas em relação a requalificação urbana e aos impactos que os projectos poderão vir a ter no património urbano.
O outro encontro foi de balanço e foi igualmente profícuo e as duas partes conseguiram alinhavar as estratégias e alinhar as posições técnicas em relação às intervenções, tendo a equipa do IPC solicitado alguns materiais, como levantamento topográfico, fotografias, para a curto prazo apresentar este projecto de requalificação do centro histórico que está na fase de montagem.
Questionado sobre outras possíveis intervenções, Jair Fernandes disse que por agora não está agendado outras intervenções, indicando porem que o IPC está a fazer todo um trabalho de inventário dos patrimónios, privado ou público, de forma a trabalhar no plano mais alargado e que tem a ver com a gestão integrada dos patrimónios.
Confrontado se trata-se de uma utopia pensar num estatuto além do património cultural nacional para o centro histórico da cidade de São Filipe, o presidente do IPC, disse que “não é uma utopia pensar, mas é preciso consolidar processos, criar estratégias em função de algumas variáveis, como recursos e engajamento de parceiros”, adiantando que “é prematuro pensar nestas possibilidades neste momento”.
Segundo o mesmo, o IPC está a fazer um trabalho de inventário muito sistematizado e criterioso para propor ao Governo o financiamento de determinadas intervenções, como o caso da praça e da requalificação urbana do centro histórico, adiantando que é necessário criar no núcleo histórico estruturas de interpretação, nomeadamente museus e centros de interpretação, e trabalhar num ecossistema ligado a interpretação e valorização do património, para depois pensar num estatuto diferente.
Para o mesmo, agora é preciso consolidar a Cidade Velha que completa 10 anos da sua elevação a património da humanidade, trabalhar o processo de divulgação do dossiê da morna e ver para os próximos anos quais os passos a serem dados relativamente a uma possibilidade da candidatura seja do centro histórico de São Filipe, seja de outra ilha ou de um monumento, como o ex-campo de concentração de Tarrafal.
A Praça João Paes de Vasconcelos, recorda-se, foi inaugurada na década de 30 do século passado e passou depois da independência a ser designado de praça 4 de Setembro, está localizado defronte da Câmara e rodeado de sobrados emblemáticos construídos no século passado.
Inforpress/Fim