O presidente do Instituto de Investigação do Património Cultural (IPC), Jair Fernandes, admitiu, no final da visita à região Fogo/Brava, que em São Filipe existem muitos edifícios devolutos, cujo estado de conservação carece de uma intervenção.
“Já identificamos esses edifícios e com a câmara, esboçamos algumas ideias, pese embora não podemos fazer intervenção se não houver garantia dos proprietários”, afiançou o presidente do IPC, para quem São Filipe é um caso particular porque a maioria dos edifícios com um alto grau de protecção a nível patrimonial, pertence a privados e são propriedades fragmentadas com vários herdeiros/donos, uns residentes e outros não, o que tem dificultado na identificação dos mesmos para eventual intervenção.
A mesma fonte salientou que estão identificados alguns desses edifícios que podem vir a albergar algum projecto cultural e social, mas pelo facto de não se conseguir identificar o proprietário para propor uma parceria de intervenção, fica “mais complicado” pensar numa estratégia integrando o privado.
“Acredito que a câmara terá as ferramentas para o efeito, nomeadamente através do código de postura municipal”, declarou, indicando que existem outras que poderão ser utilizadas para resolução desta questão, como a efectivação dos regulamentos e dos planos municipais, o novo regime de património cultural, em fase de finalização, que irá responsabilizar o Estado (Governo e/ou câmara) a identificar os proprietários e propor medidas de gestão ou cogestão para salvaguarda desses imóveis.
No quadro do projecto de inventário de património imóvel de Cabo Verde, a nível da ilha do Fogo foram identificados 120 edifícios, públicos e privados, religioso ou não religioso, e espaços de memória, disse Jair Fernandes.
Sublinhou que se está na fase do trabalho de gabinete com introdução de dados de arquivos históricos, deixando claro que não se vai fazer intervenção se não for conhecido o valor histórico, património e artístico de um determinado património.
Sobre a situação de Chã das Caldeiras, se ainda figura da lista indicativa da Unesco, este garantiu que ainda consta já que a mesma é actualizada de dez em dez anos, observando que o IPC está a trabalhar duas propostas de candidaturas para fundo específico de paisagem cultural, nomeadamente Cova (Santo Antão) e Chã das Caldeiras (Fogo).
Com esta candidatura existe algumas oportunidades que podem surgir, caso o projecto for aceite, advogando que há cada vez mais possibilidade real se Chã das Caldeiras for classificado como reserva de biosfera, o que, segundo o presidente do IPC, poderá constitui um mote para acelerar o processo e apresentar uma proposta a Unesco.
O presidente do IPC, que se fez acompanhar nesta visita de quatro dias à região Fogo/Brava pelo arquitecto Adalberto Tavares, conclui a visita ainda hoje.
Inforpress/Fim