As vendedeiras do mercado central de São Filipe foram transferidas no último fim-de-semana para as antigas instalações do mercado de peixe para permitir as obras de reabilitação do mercado central, sobretudo o piso superior.
O espaço provisório não caiu no agrado das vendedeiras que reclamaram de inexistência de um conjunto de situações, mas o vereador das Infra-estruturas e Urbanismo, Lucas Alves, pede a colaboração das mesmas já que a solução encontrada é para curto prazo.
Maria da Luz Mendes “Lulucha” disse que a mudança é útil mas no caso concreto não é muito agradável porque, segundo a mesma, não arranjaram um espaço com condições para esta actividade, indicando que como precisam do mercado limpo deslocaram-se para o novo espaço que não está descoberto, sem porta e não dispõe de condições e lugar para colocar e conservar os seus produtos.
“Condições não existem, foi obrigatória a transferência para este espaço que não tem água e nem lugar para fazer necessidade fisiológica”, disse aquela vendedeira.
Mamazinha, a mais antiga vendedeira do mercado central, com mais de 60 anos de actividade, disse que a deslocação é provisória, mas que ninguém está de acordo com o novo espaço por ser apertado e sem lugar para colocar os produtos.
Segundo a mesma, a informação que lhes foi transmitida é que o espaço provisório é para três meses para permitir a reabilitação do mercado, mas esta questiona o período em que se optou pela intervenção, já que se está na época das chuvas e não há como utilizar este espaço no período das chuvas. “Estamos no inferno, seria melhor Cruz dos Passos em barracas improvisadas”, disse Mamazinha.
Outra vendedeira que mostrou o seu desagrado foi Sandra Barros para quem a mudança é sempre “bom” porque todos querem um mercado limpo e asseado, mas, acrescentou, o espaço não foi o melhor.
“Nós respeitamos a câmara e entregamos o espaço e eles (edilidade) nos desrespeitaram e deram-nos um curral, sem porta, sem nada, no período de chuva fica complicado e sem protecção inclusive para os guardas”, disse aquela vendedeira, para quem a edilidade devia procurar outros espaços mais à-vontade e adequado para a venda durante esse período.
O vereador das Infra-estruturas e Urbanismo, Lucas Alves, reconhece que de facto o espaço por ser provisório não tem condições de um mercado, mas lembra que é uma situação pontual e para um curto período de três meses para intervenção no mercado central, sobretudo no piso superior para poder ter peixaria e talho em condições adequadas.
Igualmente, a intervenção vai permitir libertar a parte exterior à volta do mercado utilizado para venda de peixes, carne e outros produtos sem condições e que “denigre a imagem” da cidade e dos próprios vendedores.
“O objectivo é criar melhores condições e para tal precisamos de tempo e de espaço”, disse o vereador, justificando a deslocação provisória para o antigo mercado de peixe, sublinhando que antes fez todo o trabalho e, inclusive, dois encontros com os utilizadores do mercado para lhes explicar o porquê da desocupação do espaço.
Segundo o responsável, qualquer espaço escolhido pela edilidade não iria ter condições de mercado e será motivo de reclamação, observando que a intervenção coincidiu com a época das chuvas porque era preciso tempo para organizar concurso e seleccionar a empresa para realização da obra.
Apesar dos constrangimentos, a autarquia sublinha que o espaço foi coberto de forma a minimizar incómodo em dias de chuva e minimizar assim as dificuldades.
O projecto, que vai ser executado em três meses, está orçado em 7.300 contos e visa sobretudo intervenção no sistema de evacuação de água, na criação de bancadas apropriadas para venda de peixe e carne em material de inox, colocação de piso em mosaico cerâmico e pintura do piso superior e algum retoque no piso inferior para harmonizar o mercado.
Com Inforpress