A Associação de Desenvolvimento Comunitária Montado Nacional “Cabeça Fundão” consta da lista das empresas privadas e organizações da sociedade civil seleccionadas, através de concurso, para beneficiar do financiamento do Fundo do Ambiente para reflorestação e conservação da natureza.
Esta associação concorreu com o projecto “uma bordeira mais verde e com aroma às frutas” para a conservação da natureza, convicta de que é preciso iniciativas ou medidas de conservação da área degradada da Bordeira do Parque Natural do Fogo (PNF), através de produção e fixação de espécies fruteiras como videira, macieira, figueira e Marmeleira, considerando que a sua execução constitui um ganho não só para a biodiversidade como também económico para as comunidades adjacentes.
Fomentar a preservação do ambiente, promover o desenvolvimento económico e social sustentável e consciente, reforçar a cobertura da área verde, aumentar o número de plantas fruteiras, promover a melhoria da qualidade de vida da população e aumentar a renda das famílias, são alguns dos objectivos desse projecto.
O projecto, que conta com um financiamento global de mais de três mil e 600 contos, sendo que o Fundo do Ambiente vai disponibilizar pouco mais de três mil e 100 contos e a associação entra com cerca de 500 contos como contrapartida, será executado num período de 18 meses, contando com parcerias do PNF, Comissão Regional de Parceiros, Câmara Municipal e delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA).
Para o presidente do conselho directivo da Associação de Cabeça Fundão, Nicolau Centeio, as plantas fruteiras não só são uma realidade nesta comunidade, mas também são um exemplo de não baixar os braços e contribuir para a promoção do emprego e rendimento para muitas famílias da comunidade.
Segundo o responsável, o projecto vai beneficiar quatro centenas de pessoas de forma directa e indirectamente, além de “benefício incalculável” relativo à diminuição da erosão do solo e ao incremento da cobertura vegetal na área abrangida pelo projecto.
Para o presidente desta organização não-governamental, o projecto pretende fixar duas mil plantas fruteiras de diversas espécies nas áreas degradas da Bordeira do PNF, aumentando o número de fruteiras, mas também possibilitar o desenvolvimento de agro-indústria, contribuir para a diminuição das importações, assim como contribuir na dieta alimentar já que as frutas são complementos alimentares de grande importância.
A Associação de Cabeça Fundão consta da lista de 20 instituições seleccionadas de entre os 140 projectos concorrentes e aguarda-se a celebração do contrato-programa com o Fundo do Ambiente.
Além deste projecto, a Associação de Cabeça Fundão tem neste momento em curso um conjunto de actividades no quadro do programa POSER “promoção das oportunidades socioeconómicas rurais-clima”, com trabalhos de conservação de solo e água através de construção de banquetas reforçadas e simples, produção para fixação de plantas forrageiras, dado se tratar de uma zona de concentração de um importante efectivo de gado, sobretudo caprino.
As actividades do programa POSER estão em curso desde meados de Abril e contam com um financiamento de quatro mil e 600 contos, estando na fase de produção mais de oito mil pés de plantas forrageiras para fixação na época das chuvas, e a construção de 15 mil metros de banquetas reforçadas e igual número de banquetas simples.
Nicolau Centeio indica ainda que a associação tem em curso outras actividades, como a melhoria de dois reservatórios de 200 metros cúbicos para a mobilização de mais água para a comunidade que, por não possuir ainda uma rede pública de abastecimento de água, todos os anos enfrenta crise de água.
Para o próximo ano, afirma, está aprovada, no âmbito do programa POSER a construção de dois reservatórios na comunidade de Cabeça Fundão, com capacidade para 500 metros cúbicos cada, para mobilização de mais água para agricultura e pecuária.
O responsável lembrou que estas iniciativas estavam previstas para o ano passado, mas foram adiadas porque a ideia era construir reservatório para captar água da estrada, tendo-se entretanto chegado à conclusão de que a água recolhida no asfalto não serve nem para o consumo animal nem para agricultura.
Ainda no domínio de água, a associação está na fase de mobilização de financiamento para melhoria/limpeza de duas nascentes na Bordeira do Parque Natural do Fogo e sua condução até à comunidade , numa extensão de dois quilómetros, aproximadamente.
“Com a religação e melhoria das nascentes é possível aproveitar anualmente mais de 200 metros cúbicos de água, com as quais é possível produzir mais de 20 mil pés de plantas endémicas/ano para a reflorestação das áreas degradadas na área do PNF, aumentando o número de espécies endémicas anualmente neste espaço”, disse Nicolau Centeio, indicando que a associação está focada na mobilização de recursos para projectos de valorização dos produtos locais, sobretudo queijo de cabra, uva e feijão-congo.
Com Inforpress