Um grupo de criadores de gado da zona norte de São Filipe, que nos últimos oito meses perdeu perto de 200 cabeças de animais, clamam pela intervenção das autoridades para a resolução deste problema que os deixa preocupados.
Os criadores convocaram a comunicação social para manifestarem esta preocupação que os aflige e que tem resultado em “prejuízos elevados”, pedindo às autoridades, locais e nacionais, uma intervenção “agora e antes que seja tarde”, para que possam salvar parte dos seus rebanhos, sobretudo neste período de crise originada pela seca do ano passado.
Luciano Pires, que vive há mais de 20 anos da criação de animais, em nome do grupo de criadores que perderam parte dos seus animais na sequência de ataques de cães vadios disse que neste momento os cães vadios não os deixam sossegados para praticar a criação de animais, explicando que ultimamente os cães tem estado a “atacar e matar os animais no período diurno”, situação que antes não se registava.
“Há menos de duas semanas, por volta das 11:00 horas, 11 cães mataram uma vaca”, disse, anotando que ao tentar evitar os cães revoltaram-se contra ele com para o atacar, anotando que como estava sozinho acabou por desistir e retirar-se do local.
“Pedimos às autoridades para encontrarem uma forma de resolver esta situação porque não podemos suportar mais”, disse Luciano Pires, indicando que se encurralar os animais não há pastos para os alimentar.
“Este é o momento para nos ajudarem, porque mais dias a situação poderá ser pior”, advogou Luciano Pires.
Amadeu, outro criador que viu 14 carneiros a serem atacados pelos cães, alguns durante o dia, e dos quais nove morreram, disse que ultimamente os cães estão a atacar os animais mesmo nas proximidades das habitações e relatou várias situações de ataques de cabras, carneiros, vacas e até de um burro, anotando que “a situação, além de preocupante, é séria”, e requer medidas “urgentes e necessárias”.
Segundo o mesmo, se o Governo está a implementar plano para salvamento de gado, “é de todo incompreensível” que as autoridades não tomem medidas para combater este mal.
Apela, por isso, à câmara, Delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente, autoridades sanitárias, para juntamente com os criadores encontrar uma saída e resolver esta problemática.
“O ataque a vacas deixou de ser novidades para os criadores da zona norte de São Filipe, porque há registo de vários casos nas últimas semanas”, disse este criador, indicando que habitualmente os cães atacam mais cabras e carneiros (de menor porte), mas já começaram a atacar vacas e até burros.
Loly, outro criador vítima dos cães vadios, disse que há menos de três dias contabilizou mais de duas dezenas de cães vadios entre Monte Tabor e Garça, zona norte de São Filipe, responsáveis pelos ataques dos animais, e que as próprias pessoas estão com medo desses animais, que a qualquer momento podem atacar os próprios criadores
“Assim como andam de casa em casa, no período de campanha a pedir votos, podiam também andar de casa em casa para combater os cães vadios”, disse Loly, lembrando às autoridades que os animais são responsáveis e respondem pela saúde, educação, água e energia, alimentação dos criadores e das respectivas famílias, e que por isso devem analisar entre abater os cães ou deixar os criadores sem o seu sustento.
Para os criadores é fundamental que as autoridades encontrem uma forma de resolver este problema que a cada dia que passa os tem deixado preocupados, sendo que esta situação não se resume a zona norte da ilha mas à ilha no seu todo.
Com Inforpress