O ponto focal da Convenção da Biodiversidade em Cabo Verde disse que o país está a trabalhar na criação de uma base de dados para a biodiversidade, para conhecer e trabalhar melhor a conservação das espécies.
A propósito do Dia Internacional da Biodiversidade, assinalado a 22 de Maio, este ano, sob o lema “Celebrando 25 anos de conservação da biodiversidade”, Sónia Araújo disse que o arquipélago trabalha muito com a comunidade internacional, ajudando o país a transmitir melhores informações.
“Estamos a preparar uma base de dados que vai ajudar-nos a ver de forma geral como é que está a nossa biodiversidade para podermos também fazer um acompanhamento, assim como vai servir, não só a nível dos relatórios, mas também a nível estatísticos, tendo uma visão muito mais clara a nível das espécies existentes e o trabalho que precisamos fazer mais”, explicou.
Segundo Sónia Araújo, Cabo Verde, por ser um dos países que ratificou a Convenção da Biodiversidade, no seu caso em 1995, tem regalias, como o acesso a financiamento externo para a implementação da Convenção, mas também tem deveres a cumprir no sentido de melhorar e preservar a sua diversidade biológica.
Conforme a técnica da Direcção Nacional do Ambiente (DNA), Cabo Verde sempre participou e honrou com as suas responsabilidades, nas acções que tem desenvolvido ao longos dos anos, teve como um dos resultados a criação de 47 áreas protegidas, sendo que 20 são sítios terrestres e 27 sítios marinhos e costeiros, categorizados em paisagens protegidas, reservas naturais, parque naturais, monumentos naturais e reservas naturais integradas.
O arquipélago é constituído também por uma flora indígena formada por 224 espécies, das quais 85 são endémicas e as restantes são espécies espontâneas naturalizadas, enquanto a fauna indígena engloba espécies de recifes de corais, moluscos, artrópodes (insectos, crustáceos e aracnídeos), peixes, répteis e aves e, provavelmente, algumas espécies de mamíferos marinhos.
Em relação à biodiversidade endémica, Santo Antão é a ilha mais rica (46 espécies), seguida de São Nicolau (44 espécies), Santiago (36 espécies), Fogo (35) e São Vicente (34), sendo que Santiago é a ilha que apresenta a maior taxa de endemismo a nível da fauna.
“Na conservação dessas áreas, temos feito trabalho no ambiente natural, mas também fora do ambiente natural, como o INIDA com o jardim botânico e banco de semente”, disse, lembrando que a DNA tem trabalhado com foco nas espécies frágeis, endémicas e emblemáticos porque estão em vias de extinção.
Além das áreas protegidas, o país tem entre os deveres, a elaboração dos relatórios e, no momento, segundo Sónia Araújo, o arquipélago “não está em falta”, sendo que o último elaborado foi o 5º Relatório sobre o Estado da Biodiversidade em 2015 e já foi iniciado o processo para que no final deste ano seja entregue o sexto.
Da mesma forma que o primeiro Plano de Acção da Biodiversidade, elaborado em 1999, foi substituído por um novo que tem um horizonte 2014-2030, com sete prioridades e 15 metas, esclarecendo que o trabalho é no sentido de que toda a população esteja consciente da necessidade da preservação da biodiversidade que suporta o funcionamento do ecossistema que leva ao bem-estar da população.
“A nossa biodiversidade tem uma grande importância, não só a nível ambiental, mas a nível social e económica, e isso é um dos nossos desafios, ou seja, levar e mostrar aos responsáveis pela elaboração de políticas, que há a necessidade de preservar a nossa biodiversidade, porque isso vai permitir desenvolver o país de forma sustentável”, afiançou.
Em relação à fiscalização, Sónia Araújo considerou que tem melhorando, mas que sempre há desafio, e que o trabalho tem sido feito junto da Polícia Nacional (PN) para formação e saberem como agir quando é necessário, mas também com a população que tem um “papel importante” na fiscalização.
O Dia Internacional da Biodiversidade foi proclamado pelas Nações Unidas a 22 de Maio de 1992, dia em que se adoptou o texto final da Convenção da Diversidade Biológica.
Com Inforpress