O reitor da Universidade de Santiago, Gabriel Fernandes, defende que para ter cidadãos aptos a intervir no mercado mundial de conhecimentos é necessário prepará-los adequadamente para enfrentar esses desafios.
A Universidade de Santiago (US), que promove esta segunda-feira, na cidade de Cova Figueira (Santa Catarina do Fogo), o fórum “pensar educação no século XXI, desafios globais soluções locais” e o seu reitor entendem que as universidades devem funcionar como arena de exercício reflexivo e critico e não podem ficar indiferentes às questões que a todos dizem respeitos.
“O século XXI está cheio de desafios que não podem ser encarados e muito menos enfrentados a partir de paradigma, cursos e perspectivas do século XIX”, disse Gabriel Fernandes, indicando que é fundamental que as instituições de Ensino Superior possam estar em condições de discutir esses grandes desafios.
No caso concreto da educação, anota o reitor de US, é preciso reflectir sobre o papel que ela desempenha no mundo globalizado, e, acima de tudo, as questões que levam a reavaliar e repensar o próprio sistema educativo cabo-verdiano na preparação dos seus cidadãos.
Questionado se a Universidade de Santiago tem alguma solução formativa para a ilha do Fogo, Gabriel Fernandes responde que a sua instituição não dispõe de ofertas formativas especificas para a ilha do Fogo ou para as outras ilhas, mas sim ofertas mais abrangentes que poderão chegar às outras ilhas através de mudanças que pretendem introduzir no próprio sistema de ensino.
Segundo Gabriel Fernandes, a US pretende apostar fortemente no ensino à distância e, por esta via, ser possível chegar às várias ilhas, indicando que a universidade não está a pensar em ter estruturas físicas em todas as ilhas, mas a partir de soluções que são acessíveis, principalmente de cariz tecnológico, chegar a várias ilhas de Cabo Verde, e, quiçá, à diáspora cabo-verdiana.
Em relação à situação das propinas, o reitor de US afirma que são problemas que ultrapassam todas as instituições de Ensino Superior, já que se está num país carente de recursos e que viveu séculos sob signo de escassez e com famílias a viverem situações de vulnerabilidades.
Com este cenário e quando a nível de formação superior os alunos são obrigados a pagarem as suas propinas as dificuldades são acrescidas, refere aquele responsável da US, adiantando que por aquilo que vê a nível da sua universidade, a “situação é relativamente mais suave”, sublinhando que já houve “períodos mais críticos em que os alunos praticamente não conseguiam pagar as suas dividas”.
Segundo o académico, houve a intervenção “consistente do Estado”, adiantando que, apesar de continuar a ter problemas, a situação já não é assim “tão gritante” como no passado recente, em que as pessoas esperavam que o “Estado assumisse tudo”.
“Hoje, os alunos estão mais cientes dos seus deveres e as famílias mais propensas a suportar e acompanhar o percurso do filho, apostar no ensino superior e a valorizar a aquisição do conhecimento endógeno”, afirma Gabriel Fernandes, indicando que com este processo de conscientização das próprias famílias e com uma centralização da dinâmica de atribuição de bolsas na estrutura central do Estado e não nas Câmaras Municipais, a situação está a melhorar consideravelmente.
O fórum “pensar educação no século XXI, desafios globais soluções locais” inscreve-se no programa da nona edição do “Rotas do Arquipélago”, que decorre de 13 a 20 de Maio, na ilha do Fogo, conta com a presença do secretário de Estado da Educação, Amadeu Cruz.
“Visão histórico-institucional da educação”, “Desafios da aprendizagem” e “Políticas organizativas e gestão da educação” são os três painéis que vão ser debatidos durante todo o dia de segunda-feira, na cidade de Cova Figueira, no decorrer do fórum que conta com cerca de oito dezenas de professores da ilha, professores universitários e estudantes e responsáveis pelo sector.
No quadro do programa da nona edição do “Rotas do Arquipélago”, estão programados mais dois fóruns, sendo um sobre “saúde materno-infantil”, a ter lugar na cidade de Igreja (Mosteiros) e outro sobre “competitividade e sustentabilidade turística na região Fogo e Brava”.
O programa “rotas do arquipélago”, criado em 2009, para permitir que os estudantes e professores possam compartilhar os conhecimentos, vivenciar outras realidades e “redescobrir” as várias ilhas, prevê acções formativas a nível de suporte básico de vida, realização de feira de profissões, programas de sensibilização, programas de formação ao nível de protocolo e atendimento ao público, gestão de pequenos negócios, empreendedorismo, segurança digital, assim como um leque de actividades em prol dos jovens e das instituições.
Com Inforpress