Eclisangelo- empreededor
Eclisângelo Mendes Barbosa “Ginix” o exemplo de empreendedorismo e que quer apostar numa agricultura industrial
Originário da localidade de às-Hortas, zona norte de São Filipe, Eclisângelo Mendes Barbosa, conhecido e tratado a nível da ilha por “Ginix” é o exemplo de um jovem empreendedor, que cedo viu na agricultura uma forma de ganhar a vida, facto que, de entre outros reconhecimentos sociais, foi condecorado pelo antigo Presidente da República, Pedro Pires, na qualidade de jovem agricultor.
Depois de ter perdido o direito de prosseguir os estudos no ensino secundário Ginix, como forma de encontrar uma solução alternativa e recursos para dar continuidade aos estudos, encontrou na actividade agrícola, uma oportunidade para sustentar a sua pessoa e família como para dar continuidade ao percurso académico e concluir o secundário.
Confessou que começou a actividade agrícola num pequeno terreno dos pais, com uma área de 250 metros quadrados, tendo na altura beneficiado com a construção de um reservatório de apenas seis metros cúbicos por parte do Ministério da Agricultura, acrescentando que iniciou quase meio a brincar, mas foi um grande empurrão para um voo maior.
Com os rendimentos arrecadados fez novos investimentos na ampliação da parcela irrigada ao mesmo tempo que retomou os estudos, tendo concluído o secundário numa escola privada. Os rendimentos continuaram a crescer, tendo feito reinvestimentos noutras áreas como papelaria, aquisição de hiace para transporte, facto que permitiu às pessoas encará-lo de forma diferente, e isto ajudou bastante e serviu de estímulo, já que os investimentos tiveram também impacto social além de económico.
“Não parei de sonhar e de continuar com investimentos e surgiram novos desafios, mas também vários constrangimentos, porque a realidade da ilha é bastante difícil”, disse o Ginix, indicando que apesar das dificuldades não desistiu, graças às recompensas recebidas por parte de algumas instituições, nomeadamente do antigo Presidente da República, Pedro Pires, e de algumas instituições de micro-finanças que também disponibilizou créditos com algum período de carência, o que lhe ajudou muito na trajectória
Para melhoria do seu negócio participou em acções de formação na ilha e nos intercâmbios, dentro e fora do país, e hoje sente-se mais capacitado e com alguma bagagem para a concretização das ideias de negócios, acrescentando que hoje tem alguns frutos, como lojas de vendas de frutas, legumes e derivados da agricultura, restauração, empregando 10 pessoas na cidade e entre 8 a 10 no interior, dependendo da produção das parcelas, com rendimento razoável.
Para o futuro, dependendo da oportunidade, pretende ter um espaço melhor e mais alargado na cidade de São Filipe para prestar um bom serviço e conforto aos clientes. Igualmente no interior está a procura de terrenos para instalação de novas parcelas para agricultura, porque, conforme explica, pensa numa agricultura industrial.
Este reconhece que hoje não é fácil fazer investimento porque a sociedade não está preparada e há uma falha grande, sobretudo na parte educativa, pois os jovens não querem abraçar o trabalho de agricultura, apesar do futuro depender do trabalho, acrescentando que os investimentos requerem uma equipa para poder ter resultado.
Além desta falta de cultura de trabalho, outro constrangimento está relacionado com o transporte, a ligação da ilha com as demais, sublinhando que a problemática do transporte é um drama para a ilha, pois é irregular, com muitas falhas e muitas vezes causando grandes prejuízos.
“A economia da ilha está ligado basicamente a agricultura e pecuária e deve merecer mais atenção na questão do transporte para regular e minimizar a situação”, observando que no seu caso concreto está a equacionar novas soluções, entre aumentar as câmaras de frios na ilha do Fogo ou ter uma espécie de filial na Cidade da Praia, para armazenar os produtos em caso das viaturas ficarem retidas na ilha de Santiago.
Além de irregular o preço praticado para o transporte de uma viatura no percurso São Filipe/Praia/São Filipe é extremamente alto.
Outra dificuldade e que impede o investimento é o elevado preço de factores de produção como água e energia, observando que em média paga mensalmente cerca de 150 contos, perto de dois mil contos anos de energia à Electra, mas que mesmo assim acumula prejuízos devido a oscilação de correntes que leva a avaria dos equipamentos, nomeadamente câmaras de frio, e cuja reparação acarreta custos adicionais devido a inexistência de técnicos do ramo na ilha do Fogo e é necessário trazer da Cidade da Praia.
Esta é também uma das razões porque Ginix quer investir em espaços próprios e definitivos de modo a poder investir na instalação de energia renovável de modo a poder baixar os custos com o consumo de energia eléctrica.