A edição 2020 da maior festa tradicional da bandeira da ilha, “Banderona”, termina hoje com o almoço e passagem da bandeira ao festeiro de 2021, depois de 24 dias de actividades que movimentaram a comunidade de Campanas de Baixo.
A edição deste ano, que contou, como tem sido hábito nos últimos anos, com a presença de muitos emigrantes da zona norte do município de São Filipe, sobretudo de Campanas de Baixo, e com um leque variado de artistas, começou no passado dia 01 de Fevereiro e como manda a tradição o término acontece na véspera do dia do Carnaval.
Durante esses dias, sobretudo aos fins de semana, todas as atenções estavam viradas para Campanas de Baixo e os festeiros principais Dado Codé de Tila e Minguta Codé de Dona (bandeira grande), ambos naturais de Campanas e residentes na cidade da Praia trouxeram vários artistas de renome e que atraem muitas pessoas, principalmente a juventude.
No último sábado assistiu-se a matança dos animais para preparação do almoço que é servido hoje a centenas de pessoas destas e de outras localidades da ilha que se deslocam à localidade de Campanas de Baixo.
A festa de São João Baptista, apelidada de “Banderona” por ser a festa tradicional da bandeira com maior duração celebrada em toda a ilha do Fogo e a segunda que movimenta maior número de pessoas, depois da festa da bandeira de São Filipe, 01 de Maio, tem um carácter nacional e internacional e com deslocação de vários emigrantes e pessoas residentes noutras ilhas.
A festa da “Banderona” ou da Bandeira de São João Baptista surgiu há mais de dois séculos e conforme reza a lenda “na altura, as pessoas ouviam, no “assobiar” do vento, sons comparados com o toque de tambor e cantigas no ar, ao longo de uma semana”, seguidos de relâmpagos e trovões, tendo um raio caído numa ribeira onde brincavam algumas crianças.
A “Banderona” tem alguma diferença com outras festas assinaladas no Fogo. A sua figura principal é o “cordidjeru” (governador), que dirige e superintende todas as actividades da festa.
Nela participam cavaleiros, detentores de bandeiras (guardiões das bandeiras e da ordem, paz e harmonia), um juiz que preside, juntamente com o “cordidjeru”, que assegura a votação ou nomeação dos festeiros para a festa do ano seguinte, e um corpo de “coladeiras” integrado por homens e mulheres, acompanhados de “caxerus” ou tamboreiros.
Outra figura da festa é o de “refugiado ou ladrão” que é uma espécie de “canisade” que durante a festa só aparece no dia da matança, no último sábado antes do almoço, com intenção de roubar os produtos como carne, mandioca e outros.
Inforpress/Fim