terça-feira, 03 dezembro 2024

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Espólio do escritor Teixeira de Sousa doado à Casa das Bandeiras exposto a partir de segunda-feira

Uma parte do espólio do médico e escritor foguense, Henrique Teixeira de Sousa, de entre livros e peças de prémios, doados pelos familiares à Fundação Casa das Bandeiras, vai estar disponível a partir de segunda-feira, 13.

Uma parte dos materiais que vai estar disponível na primeira fase numa exposição e numa segunda à consulta no local das pessoas interessadas, encontrava-se nas instalações da Casa das Bandeiras desde Abril de 2017, altura em que o filho do médico e escritor, falecido há 15 anos, participou no centenário de desenterro da bandeira de São Filipe, representando a família de Aníbal Henriques, homenageado na ocasião.

Uma outra parte dos materiais foi entregue este mês por José João Henriques Teixeira de Sousa “Zelito”, filho do médico, que se encontra de férias na ilha do Fogo juntamente com outros membros da família.

O responsável da Casa das Bandeiras, Henrique Pires disse à Inforpress que um técnico especializado na área vai proceder durante o fim-de-semana à arrumação dos materiais de forma apropriada de modo que a parte que chegará na segunda-feira, 13, possa estar disponível numa exposição, observando que o espólio vai estar disponível num espaço fora da sala museológica, onde estarão expostos apenas os espólios relacionados com as bandeiras.

Henrique Pires indica que uma quantidade expressiva de espólio do médico e escritor, como trabalhos científicos e literários, participações em revistas e congressos, os diplomas do liceu, documentos, correspondências, estadia em Timor onde foi médico e todo o trabalho realizado como médico, muitos trabalhos sobre a fome em Cabo Verde, bem como o levantamento exaustivo da lepra em Cabo Verde que ajudou a combater, encontram-se ainda em Portugal e que há garantia dos familiares que serão encaminhados para a Fundação da Casas Bandeiras visando a sua conservação e valorização.

A doação do espólio à Casas das Bandeiras, deve-se à sugestão do antigo Presidente da República, Pedro Pires, que também recomendou que alguns desses pertences do médico e escritor devem ficar no Arquivo Histórico dado o interesse nacional do ponto de vista histórico-cultural.

O responsável da Casa das Bandeiras disse que a ideia é transformar todo o espaço do edifício em área atractiva para os visitantes, quer nacionais como os turistas, valorizando e preservando a histórica e cultural da ilha.

Henrique Pires disse que na sala-museu da Casa das Bandeiras, onde estão expostas peças relacionadas com a bandeira, encontra-se também exposta a bandeira confeccionada por Aníbal Henriques, festeiro em 1920 e que no próximo ano será assinalado o centenário da sua confecção.

Segundo o mesmo, Aníbal Henriques, um dos integrantes do grupo Sete Strelo que em 1917 resgatou a Bandeira de São Filipe que se encontrava há vários anos enterrada, foi co-festeiro durante três anos com os demais elementos, mas em 1920, ano do seu casamento, assumiu sozinho as despensas das festas e foi nessa altura que mandou confeccionar a bandeira, a mais antiga, já que a de 1917 ninguém sabe do seu paradeiro, explica Henrique Pires.

A bandeira que estava na posse de uma das filhas de Aníbal Henriques, residente em Portugal, foi doada à Casa das Bandeiras que a conservou em acrílico e está exposta na sala de museu.

Entretanto, o responsável da Casa das Bandeiras manifesta a sua “tristeza” face à situação em que se encontram os acervos de Aníbal Henriques, armazenados em casas dos herdeiros em Brandão, a cinco quilómetros do centro da cidade de São Filipe.

Conforme avançou à Inforpress, a Casa das Bandeiras vai continuar a sensibilizar os familiares no sentido de se encontrar uma forma de preservar e conservar estes importantes objectos, documentação deixada por esta figura da ilha do Fogo.

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