domingo, 22 dezembro 2024

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Centenas de fiéis católicos são esperados este fim de semana no Santuário de Nossa Senhora do Socorro

Centenas de fiéis católicos de vários pontos da ilha, à semelhança dos anos anteriores, são esperados este fim-de-semana, no Santuário de Nossa Senhora do Socorro, padroeira dos viajantes e dos náufragos, para participação nas actividades do 05 de Agosto.

Situado a pouco mais de 10 quilómetros a sul da cidade de São Filipe, nas proximidades da localidade de Luzia Nunes e do perímetro irrigado de Monte Genebra, anualmente por ocasião do dia 05 de Agosto, uma multidão de pessoas, incluindo muitos emigrantes, efectuam peregrinação a este santuário para assistirem a missa em homenagem à santa.

A paróquia de São Lourenço onde estão concentrados os frades capuchinhos, que na qualidade de proprietária da Capela/Santuário de Nossa Senhora do Socorro e faz a sua administração, programou um conjunto de actividades para celebrar o dia 05 de Agosto.

O padre Fernando Baessa disse à Inforpress que para este sábado, 04 de Agosto, está programada a celebração de uma missa seguida de procissão e que no dia 05, a partir das 10:00 será celebrada a missa pelo Frei Gilson, assim como outras actividades religiosas e não só.

Para permitir a participação de fiéis de São Filipe, há alguns anos que a edilidade estabeleceu tolerância de ponto para o dia 05 de Agosto no município de São Filipe, mas este ano como coincide com um domingo espera-se uma participação maior de fiéis de vários pontos da ilha.

Parte dos fiéis passam a noite de 04 de Agosto nas proximidades do santuário mas há um grupo de peregrinos de São Filipe que faz todos os anos o trajecto entre a cidade de São Filipe e o Santuário à pé, utilizando caminho vicinal que passa pelo aeródromo em direcção à zona sul.

A capela, hoje santuário, foi construída pelo Padre Amaro Monteiro Pereira Rebelo nos meados do século XVIII e sempre foi uma capela particular à semelhança de outras que existem em várias localidades da ilha, como por exemplo a de Santo António, Nossa Senhora da Graça ligada à Casa de Pico Pires, Nossa senhora de Fátima, Nossa Senhora da Encarnação, mas passou a ser propriedade do sobrinho mais velho do Padre, depois da morte da irmã, Maria Fidalga Monteiro Pereira de Rebelo.

Em 1999 com a morte da última proprietária, Ana Gisela, o seu filho residente nos Estados Unidos da América vendeu o santuário aos amigos da família, os capuchinhos.

Dados históricos apontam pela ocorrência de vários incêndios na capela devido a velas deixadas acesas pelos devotos e à madeira que existia em toda a construção, tendo o último incêndio ocorrido no tempo de José Joaquim Barbosa Vicente, nos finais de 1800. A capela foi restaurada no princípio de 1900, construindo parte em cimento para evitar futuros incêndios, segundo escritos de Gilda Barbosa.

A construção da capela/santuário de Nossa Senhora do Socorro está recheada de lendas/mistérios. Conta-se que um pastor teria encontrado a estatueta da Santa numa escavação da rocha de António de Pina, perto do local onde foi erguida a capela, e teria levado a estatueta para a então vila de São Filipe (elevada a categoria de cidade em 12 de Julho de 1922).

O pároco, segundo a lenda, teria colocado a estatueta no altar-mor mas que no dia seguinte, quando o pastor foi à igreja, encontrou a estatueta atrás da porta, tendo-a colocado de novo no altar, mas três dias depois a imagem da Santa voltou ao local inicial e, conforme a lenda, a santa teria conversado com o pastor.

Na data da construção da capela, reza a história, não abundava na ilha material de construção civil, nomeadamente de madeira, mas foram encontradas, numa pequena praia, próxima do local onde se veio a erguer a capela, pranchas de madeiras que foram usadas na sua construção, facto que as pessoas classificaram na altura como milagre de Nossa Senhora do Socorro.

Para algumas pessoas, a madeira provinha de um barco que teria naufragado nas proximidades e a estatueta deveria pertencer a um dos passageiros, já que a Nossa Senhora é padroeira dos viajantes e náufragos.

Até hoje permanece a superstição de que se algum membro da família quisesse construir uma casa perto da capela acabaria por morrer antes da sua conclusão, e por coincidência ou não, um elemento da família que quis construir uma casa nas proximidades da capela para criar melhores comodidades para os que preparavam banquete para o dia 05 de Agosto, morreu antes da sua conclusão.

Em várias localidades da zona sul da cidade de São Filipe, desde Vicente Dias, passando por Forno, Luzia Nunes e Patim, celebram-se o 05 de Agosto com actividades diversas como tendas electrónicas e bailes.

Com Inforpress

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