Os romances “Ilhéu de Contenda” (1978), adaptado para o cinema pelo realizador Leão Lopes, e Xaguate (1987) são as próximas obras do escritor foguense Henrique Teixeira de Sousa a serem reeditadas.
O anúncio foi feito pelo administrador executivo da Fundação Casa das Bandeiras, Henrique Pires, no acto do lançamento da reedição, a quinta, da coletânea de contos “Contra Mar e Vento”, editada em 1972, através de uma parceria entre a Casa das Bandeiras, detentora do espólio cultural do escritor e os direitos autorais das suas obras com excepção do romance “Oh! mar das Túrbidas Vagas”, e Biblioteca Nacional e Câmara Municipal de São Filipe.
Se tudo correr como o planeado, em meados de Setembro/Outubro deste ano será reeditado o “Ilhéu de Contenda” e até ao final do ano o “Xaguate”, avançou Henrique Pires, sublinhando que a ideia é reeditar todas as obras do autor foguense.
Com a reedição das obras, muitas das quais não se encontram no mercado, a ideia da Casa das Bandeiras é colocar os livros de Teixeira de Sousa na pequena livraria desta Fundação, que pretende igualmente reactivar a sua sala de leitura baptizada com o nome de Ana Procópio.
Henrique Pires lembrou ainda que a Casa das Bandeiras é de todos os foguenses e, por isso, “todos devem mobilizar recursos” para apoiar esta instituição na reedição das obras de Teixeira de Sousa, em parceria com a Biblioteca Nacional.
A vereadora de Cultura da câmara de São Filipe, Lia Barbosa, lembrou que a reedição de Contra Mar e Vento enquadra-se nas comemorações do centenário da elevação de São Filipe à categoria de cidade, destacando a importância do escritor para a ilha e para a cidade, em particular, e da disponibilidade da autarquia em continuar a apoiar na reedição das obras.
A presidente do conselho directivo do Instituto da Biblioteca Nacional, Matilde Mendonça dos Santos, que prefaciou esta reedição, agradeceu os apoios da Casa das Bandeiras e da Câmara de São Filipe neste projecto da reedição do “Contra Mar e Vento”, que, segundo a mesma, se enquadra no projecto da Biblioteca Nacional de reeditar as obras clássicas, iniciado em 2017.
“Desde 2017 temos estados a reeditar as obras que constituem as grandes referências da literatura nacional com o objectivo de salvaguardar e divulgar o património escrito-literário cabo-verdiano”, disse Matilde Mendonça dos Santos, que explicou que devido à relevância de “Contra Mar e Vento”, a sua procura no mercado, recomendação no currículo escolar e no plano nacional de leitura, a sua reedição afigurou-se como necessária.
A presidente do Instituto da Biblioteca Nacional explicou que uma obra pode ser considerada de clássica, nomeadamente quando marca uma época e é sempre considerado como um modelo na literatura, servindo de fonte de aspiração para outras pessoas.
Observou que na reedição desta obra clássica de Teixeira de Sousa pretende-se promover o conhecimento e valorizar o património literário.
A mesma referiu que a reedição se enquadra no âmbito das comemorações do centenário da elevação de São Filipe à categoria de cidade, “lugar de significativo relevo por ser torrão natal do autor” e para assinalar os 50 anos da primeira edição de “Contra Mar e Vento” (1972).
O professor e activista cultural Fausto do Rosário, que fez a apresentação do livro, considerou “Contra Mar e Vento” como “obra-prima” de Teixeira de Sousa, não obstante tenha sido a sua primeira obra.
Depois de discorrer sobre o autor e suas obras, Fausto do Rosário fez uma referência a cada um dos dez contos que compõe a coletânea “Contra Mar e Vento”, que retrata a realidade social da ilha do Fogo de há mais de meio século, e mostrou-se satisfeito com a iniciativa da reedição do livro.
O lançamento e venda, pelo preço de 500 escudos, que segundo a presidente da Biblioteca Nacional representa o valor de custo da sua publicação, encerrou a feira do livro que decorreu nas instalações da Casa das Bandeiras, no quadro do centenário da ascensão de São Filipe a cidade.
Além do “Contra Mar e Vento” (conto 1972), são obras do escritor Henrique Teixeira de Sousa “Ilhéu de Contenda” (1978), adaptada para o cinema pelo realizador Leão Lopes, “Capitão de Mar e Terra” (1984), “Xaguate” (1987), “Djunga” (1990), “Na Ribeira de Deus” (1992) e “Entre Duas Bandeiras” (1994), que a Fundação Casa das Bandeiras tem luz verde para reeditar, e o romance “Oh! Mar de Túrbidas Vagas” (2005).
Inforpress/Fim