O ministro da Saúde e da Segurança Social, Arlindo do Rosário, que efectuou hoje uma visita sanitária à ilha no quadro da covid-19 apelou à integração, envolvimento, responsabilização colectiva e individual na luta contra a pandemia.
Após um encontro com as autoridades sanitárias, a Protecção Civil, as Forças Armadas e a Polícia Nacional, a que se seguiu um encontro mais restrito com os técnicos de saúde de São Filipe e Santa Catarina, Arlindo do Rosário, reconheceu que nos últimos dias tem-se registado um aumento de casos em São Filipe, daí a sua visita ao concelho, à semelhança do que tinha acontecido em relação aos Mosteiros.
Arlindo do Rosário indicou que tem havido um trabalho integrado das autoridades sanitárias com outras instituições, como a Protecção Civil ou as Forças Armadas, e a sua visita visa dar todo o apoio para que continuem o trabalho.
Além disso o governante quer encontrar uma forma de aprofundar as estratégias e as medidas, e salientou que deixou como mensagem a necessidade de integração e envolvimento da população, mas também a responsabilização colectiva e individual de todos nesta luta.
“Por mais medidas que possamos tomar, administrativas, legislativas, se não houver o envolvimento da população, a assunção da responsabilidade colectiva e individual, não iremos a lado nenhum”, disse o titular da pasta da Saúde, observando que, com isso, não quer dizer que se está a colocar a responsabilidade nas pessoas, porque o Governo e as várias instituições têm assumido as suas responsabilidades, mas esta é uma luta que deve ser travada de forma integrada e envolvendo todos.
O aumento do número de casos em São Filipe, no dizer do ministro, não deve ser atribuído apenas às campanhas eleitorais, embora elas possam ter impacto no aumento de casos, observando que as campanhas ocorreram a nível nacional e não apenas na ilha do Fogo ou no município de São Filipe.
“Estar a implicar directamente o aumento de casos à campanha eleitoral é uma análise simplista”, asseverou o titular da pasta da Saúde para quem independentemente da campanha eleitoral é o comportamento do dia-a-dia das pessoas que fazem aumentar o número de casos e se não forem observadas e cumpridas as medidas de distanciamento social e uso das máscaras os casos continuarão a surgir.
Além da integração, envolvimento e responsabilização colectiva e individual na luta contra a pandemia, Arlindo do Rosário destacou ainda a necessidade de melhorar a estratégia de comunicação que deve ser “uma comunicação biunívoca e não apenas institucional”, o que implica ouvir e colocar a população a falar sobre a pandemia porque, explicou, há mensagens importantes que podem ser transmitidas e com maior impacto nas comunidades.
“Podemos afinar a estratégia de comunicação e não transformar o assunto numa comunicação institucional versus população”, salientou Arlindo do Rosário lembrando que a pandemia envolve não só o aspecto sanitário, que é importante, mas é necessário desconstruir a narrativa criada à volta do vírus que é perigoso e pode pôr em risco as instituições de Saúde, a saúde das pessoas, mas também do ponto de vista social, podendo aumentar o desemprego, a diferenciação social e impacto no quotidiano das pessoas e na económia.
“Todo o trabalho tem de ser visto de forma holística e não só do ponto de vista sanitário e mensagem tem de ser bidireccionada”, referiu.
Outro pilar de intervenção está relacionado com o reforço da fiscalização e a sensibilização para o cumprimento das medidas numa altura em que a ilha vive em estado de calamidade.
O governante defendeu que as medidas devem ser cumpridas, mas apelou às autoridades locais para fazerem cumprir as medidas de forma persuasiva, com sensibilização, avaliação e bom senso na tomada das medidas para não criar rupturas sociais, porque o que se pretende é o envolvimento social e mostrar que são necessárias para o benefício da população.
Durante o encontro as instituições presentes, nomeadamente as Forças Armadas, a Polícia Nacional, a Protecção Civil, a delegacia de Saúde de São Filipe e o director da Região Sanitária fizeram o ponto da situação das acções desenvolvidas e do engajamento para continuar nesta luta.
Com os novos casos de hoje a ilha do Fogo superou a barreira de 600 casos acumulados da covid-19, desde o surgimento do primeiro caso a 17 de Agosto, sendo 174 nos Mosteiros, 418 em São Filipe e 20 em Santa Catarina, com um total de cinco óbitos, distribuídos pelos municípios dos Mosteiros (01), Santa Catarina (01) e São Filipe (03).
Neste momento a ilha contabiliza um total de 158 casos activos, dos quais 147 em São Filipe, seis nos Mosteiros e cinco em Santa Catarina do Fogo.
Inforpress/Fim