Os três anos consecutivos de seca que assolaram a ilha do Fogo está a ter um impacto negativo na produção de sequeiro das videiras na zona de Chã das Caldeiras e parte alta do município dos Mosteiros.
O responsável da adega Chã, da Associação dos vitivinicultores de Chã das Caldeiras, David Gomes Monteiro “Neves”, ele que é também técnico agrário, assegurou à Inforpress que a produção deste ano “é baixíssima”, situada à volta dos 30 por cento (%) em relação a produção de 2019, que também não era boa.
“Já fizemos visitas de campo a algumas parcelas de viticultura e dentro de Chã das Caldeiras a produção é praticamente nula devido a falta de chuvas, e nas zonas de Montinho, Monte Losna da parte norte e Penedo Rachado a produção é fraca”, destacou o responsável da adega, indicando que a baixa produção é o resultado das secas dos três últimos anos.
Este sublinhou que devido a falta de chuvas e apesar dos vitivinicultores terem efectuados podas nas videiras, como habitualmente acontece, muitas plantas não revitalizaram, o que segundo o mesmo, constitui outro problema para o futuro, porque se as videiras não tiverem lançamento para a realização da poda ela não poderá fortificar, representando, assim, a diminuição na produção nos próximos anos.
“Há zonas mais ou menos e com bons lançamentos para fazer poda no próximo ano, mas há outras zonas em que as plantas não reagiram à poda”, revelou David Gomes Monteiro “Neves”.
A mesma fonte indicou que o cultivo de videira no regime de sequeiro tem conhecido aumento de ano para ano, apesar da seca, e que para a próxima campanha agrícola, milhares de covas estão já preparadas para a plantação de plantas de videira e de outras fruteiras de sequeiro, observando que todos estão esperançosos na queda de chuvas de forma significativa para uma excelente plantação e para uma melhor produção no ano de 2021.
O responsável da adega Chã indicou que a campanha de vinificação vai arrancar na próxima segunda-feira, 29 de Junho, observando que esta actividade inicia-se mais cedo, porque nos anos de seca a uva tem a tendência de amadurecer um pouco mais cedo e a colheita tem de ser feita na hora própria para evitar que os bagos percam o suco.
A adega, segundo a mesma fonte, está a “desenrascar-se”, porque a construção da nova adega definitiva ainda não aconteceu e está-se a fazer de tudo para produzir e resolver os problemas dos agricultores associados.
Devido a pandemia de novo coronavírus (covid-19) a produção do ano passado encontra-se nos armazéns e com pouca saída, conforme o responsável da adega, para quem “se houvesse uma produção como a do ano passado a adega ficava saturada e sem espaço para receber a uva”.
Dada a fraca produção deste ano a adega que funciona em espaço provisório, ainda dispõe de alguma zona para receber a uva e vai conseguir absorver a produção e trabalhar sem grandes dificuldades.
Além da adega Chã, da Associação dos vitivinicultores de Chã das Caldeiras, existe a adega Sodade que trabalha com viticultores de zonas altas dos Mosteiros e de Chã das Caldeiras, mas não foi possível contactar o seu responsável para ter a sua previsão em relação a produção das videiras.
Para além das adegas Chã e Sodade, existe a nível da ilha mais uma adega, a de Monte Barro, que está ligada à vinha Maria Chaves cuja produção de matéria prima não é pelo regime de sequeiro, mas através da rega gota a gota.
Inforpress/Fim