A comunidade de Campanas de Baixo, extremo norte do município de São Filipe, mobilizou-se hoje para iniciar a limpeza exterior do reservatório comunitário, com capacidade para dois mil metros cúbicos de água.
O reservatório foi construído no ano de 1960 pela então Brigada Técnica de Recursos Hídricos, mas desde 2015, com a passagem do furacão Fred, toda a parte exterior do reservatório ficou coberta pelas enxurradas, assim como as valas de comunicação com a ribeira, sendo que parte da cobertura também ruiu.
O promotor da iniciativa, Máximo Centeio da Silveira, disse que a comunidade se juntou para iniciar a limpeza e desobstrução do caminho de água, devido à necessidade que o reservatório faz à própria comunidade de Campanas de Baixo.
Segundo o mesmo, dada a importância desta infra-estrutura no abastecimento de água para animais e para outros fins, mas também o estado em que se encontra, decidiu apelar a comunidade para a limpeza e ter a estrutura disponível para receber água das chuvas, que pode servir em situação de emergência.
O volume de trabalho para a limpeza e desobstrução das valas “é grande”, sintetizou, mas a comunidade está engajada na limpeza da parte exterior, esperando que as instituições com responsabilidade na matéria, nomeadamente a delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente e a câmara de São Filipe, possam realizar uma intervenção, sobretudo na limpeza do interior, que exige “mais trabalho e recursos”, e na reposição da cobertura.
A limpeza exterior poderá ficar concluída antes das chuvas, mas o mesmo pode não acontecer em relação à limpeza do interior para que possa armazenar a água pluvial, já que a previsão aponta para a chegada mais cedo da chuva.
Máximo Centeio da Silveira reconheceu que este trabalho era para ser realizado há muitos anos e é uma questão que a comunidade vai analisar com as autoridades com responsabilidade nesta matéria.
O delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente na ilha do Fogo, Jaime Ledo de Pina, que presenciou o início dos trabalhos de limpeza promovido pela comunidade, agradeceu o gesto da comunidade de Campanas de Baixo, que no passado, segundo o mesmo, estava organizada em associação e com um “presidente dinâmico” e com realização de “muitas actividades”, mas que se ausentou devido a emigração.
“A iniciativa de limpeza é louvável e agradecemos”, salientou Jaime Ledo de Pina, observando que se trata de um trabalho que é da responsabilidade das associações porque, explicou, todas as infra estruturas de mobilização de água que o ministério tem na ilha e não só, essencialmente os reservatórios, são geridas pelas comunidades e o resultado da gestão é aplicado para manutenção das próprias infraestruturas.
Jaime Ledo de Pina lembrou que o Governo cria os meios na comunidade e a população tem a responsabilidade de fazer a manutenção e usar os recursos provenientes dos mesmos.
Segundo o mesmo, a limpeza deste reservatório consta da lista da preocupação da delegação desde 2015, altura em que o espaço foi inundado pelas enxurradas, com a passagem do furacão Fred, observando que a delegação tem estado a mobilizar financiamento para limpeza desta infra-estrutura e que, inclusive, “já tinha uma luz neste sentido”, mas que o surgimento da pandemia de novo coronavírus obrigou a reestruturar o orçamento.
Jaime Ledo de Pina adiantou ainda que mesmo a câmara de São Filipe estava disposta, ainda para este ano, contribuir para a limpeza interna do reservatório, o que parece mais difícil com o aproximar da época das chuvas.
A delegação Ministério da Agricultura e Ambiente, no quadro do sector de engenharia rural, dispõe de um projecto para a cobertura deste reservatório, cujo orçamento é superior a quatro mil contos, além da sua impermeabilização interna.
Nos últimos 20 anos o reservatório de Campanas de baixo foi objecto de, pelo menos, três intervenções de limpeza da parte interna para poder armazenar a água das chuvas.
Além do delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente, a câmara de São Filipe também fez-se representar nesta actividade por um dos seus vereadores.
Além de Campanas de Baixo existem vários outros reservatórios do género construído na época colonial, na década de 60 do século passado, nomeadamente em Campanas de Cima, Curral Grande, Patim e Fonte Cabrito.
Inforpress/Fim