O presidente da Câmara Municipal de Mosteiros, Fábio Vieira, classificou de “muita maldade e falta de sensibilidade humana” do Governo ao excluir o seu município do programa de mitigação do mau ano agrícola.
Ao reagir à eliminação de Mosteiros do programa de mitigação do mau ano agrícola, Fábio Vieira, indicou que ficou estupefacto com esta decisão do Governo, sobretudo do Ministério da Agricultura e Ambiente, uma vez que a câmara foi solicitada, pelo próprio delegado do ministério, para preparar uma proposta de plano de mitigação para submeter ao Governo.
“Estamos defronte um programa incoerente, injusto e que peca em todos os sentidos”, disse Fábio Vieira, indicando, por exemplo, que São Vicente, com 67 famílias, receberá dois mil contos, Maio, com 559 famílias afectadas, receberá mais de seis mil contos e Mosteiros, com 655 famílias afectadas, foi “literalmente excluído”.
Para Vieira, o programa peca em usar a variável “dados pluviométricos” como a principal variável de ponderação, sublinhando que de acordo com o mesmo programa as maiores precipitações registaram-se em zonas onde praticamente existem lavas vulcânicas, como é o caso de Mosteiros-Trás e Monte Barro, onde há produção de fruteiras.
O mesmo lembrou ainda que houve falta de chuva em momento crucial para o desenvolvimento da cultura de sequeiro e consolidação da produção, e que o município não registou qualquer precipitação em finais do mês de Setembro e durante todo o mês de Outubro.
“Nas zonas de maior produção, Baleia e todo o litoral do município, zonas intermédias e a parte norte do concelho, as chuvas foram insuficientes e as registadas caíram tardiamente”, salientou Fábio Vieira
A mesma fonte estranhou o facto de a câmara não ter sido contactada em nenhum momento pelo ministério, sobre a campanha agrícola e, muito menos, falar com os homens do campo para se inteirar no terreno da situação real em termos de produção.
O edil questiona sobre quem esteve no terreno para avaliar o ano agrícola no município de excelente, e quando estiveram e quem contaram no seu município.
Fábio Vieira lembra ainda que os responsáveis do ministério tiveram conhecimento de que as culturas foram atacadas por pragas como gafanhoto, tartaruga, lagarta-do-cartucho-do-milho, mas que “nada fizeram” para contornar a situação, apesar de avisados atempadamente.
“Se me tivessem perguntado sobre a produção de pasto, responder-lhes-ia que a produção é boa, mas como todos sabemos a criação do gado não é uma actividade forte no nosso município, que é eminentemente agrícola, onde cerca de 70 por cento (%) da população vive da agricultura”, salientou, acrescentando que não acredita que o Governo esteja a confundir pessoas/famílias com gado.
Fábio Vieira reconhece que há produção em algumas zonas, mas comparada com a produção de anos anteriores, fica muito aquém.
O plano da câmara encaminhado ao Governo previa mobilizar cerca de 15 mil contos para fazer face aos efeitos da seca e do mau agrícola no município, recursos que seriam aplicados sobretudo na criação de emprego para a população rural e às famílias que dependem da agricultura e pecuária.
No quadro do programa municipal de mitigação da seca e do mau ano agrícola, a autarquia pretende instalar um banco de pastos que vai criar melhores condições aos criadores, isto além de várias actividades que visam garantir o acesso ao rendimento às famílias rurais que dependem quase que exclusivamente da agricultura.
Inforpress/Fim