Purgueira “Jatropha curcas”, – arbusto de pequeno porte cujas características favorecem a sua perfeita naturalização nos campos da ilha do Fogo, estendendo desde o nível do mar ate os 1500 metros de altitude. Desenvolve-se em solos áridos e pobres e foi uma das espécies mais utilizadas na florestação das zonas áridas e semiáridas.
O Montado Nacional, destinado inicialmente à criação de gado dos moradores da ilha, passou a ser, mais tarde, utilizado para cultura de purgueira nas zonas baixas.
Dadas as suas múltiplas aplicações é considerada por alguns cientistas como a “planta milagrosa”. Foi introduzida pelos Portugueses no século XVIII, e durante décadas a semente da purgueira foi um produto importante de exportação das ilhas de Cabo Verde, para o fabrico de óleos e sabão.
Desde que a utilização da purgueira (velas, sabão, óleo de iluminação) foi conhecida na Europa, o desenvolvimento da sua cultura foi encorajado nas ilhas, mesmo por meios coercitivos. Em 1843, o Governador, Paula Bastos, impôs o seu cultivo aos habitantes da Boavista e Santo Antão, e os governadores que o sucederam dariam a mesma atenção ao desenvolvimento desta planta cuja cultura tornarão obrigatória.
O início da exploração comercial da purgueira data-se de 1836 e na altura estimava que pelo menos cerca de 87 mil 955 hectares de terreno tinha potencialidade para o tipo de exploração. Em 1843 havia em Cabo Verde uma área aproximada de 8 mil e 748 hectares cobertas com purgueira, distribuídas principalmente pelas ilhas de Santiago, Boavista e Fogo.
No Fogo, a semente, utilizada para o fabrico de óleo que, exportado, se usou na iluminação de Lisboa, no lugar do azeite de oliveira, foi o dinheiro de pobre durante muito tempo.
A “saboaria de terra” tinha também como base a semente de purgueira. O óleo obtido depois de torrar, moer e ferver, quando misturado com potassa e sebo dava o conhecido sabão de terra que foi de largo consumo local e muito exportado para Guiné.
O valor da purgueira na economia da ilha durante a colonização portuguesa foi visível e constituía a principal fonte de rendimento. Actualmente a expectativa à volta desta planta é grande. A nova aplicação das sementes de purgueira na produção dos biocombustíveis parece colocar em consensos ambientalistas e industriais.
Ao contrário de outras oleaginosas utilizadas na produção de biodiesel, a purgueira não é alimentar e o tipo de solos (pobres e áridos), onde se desenvolve não são aptos para culturas alimentares. É o “petróleo verde” para países sem combustíveis fósseis.
A planta é de crescimento rápido e não exige renovações periódicas. Mantêm-se produtiva durante 40 anos, podendo proporcionar uma produção anual de óleo de 3 a 4 toneladas por hectare.
Todos os grandes comerciantes da ilha no período colonial exportavam para Metrópole as sementes de purgueira.