Henrique Teixeira de Sousa é o escritor cabo-verdiano que “melhor identificou” as transformações sociais que existiram na ilha do Fogo, defendeu ontem Manuel Veiga no último dia da terceira edição da Morabeza – Festa do Livro.
O escritor, que presidia à conferência em homenagem ao médico e escritor foguense, Henrique Teixeira de Sousa, intitulada “Transformações do tecido social foguense através do romance Xaguate”, disse que este romance, que é continuação do Ilhéu de Contenda, representa o período de ascensão dos mestiços e dos negros.
Ilhéu de Contenda, segundo o mesmo, é a memória do passado da ilha do Fogo antes da independência, marcada por diferenciação de classes, e o Xaguate representa o pós-independência em que os mestiços e negros começaram a emigrar e no regresso adquiriram os sobrados levando a classe branca a perder espaços, assim como o próprio desaparecimento de funcos.
Manuel Veiga que congratulou-se com a iniciativa do Morabeza – Festa do Livro em prestar homenagem a este escritor que se estivesse vivo completava 100 anos no passado mês de Setembro, disse que Teixeira de Sousa é um escritor particular e o melhor que “pintou a transformação social da ilha do Fogo, a tragédia da emigração”.
Quanto à terceira edição da Morabeza – Festa do Livro, Manuel Veiga, que já participou nas duas edições anteriores, disse que apesar “de um ou outro problema que poderá ter havido”, esta é “a melhor festa do livro” na versão de Morabeza, em termos de organização, diversidade, programa e que deu “mais satisfação”, o que não significa que os outros festivais não tenham sido importantes, sintetizou.
O professor e activista cultural, Fausto do Rosário, por seu lado, ao fazer uma avaliação da realização deste evento na ilha do Fogo disse que individualmente lhe deixou satisfeito pelos contactos estabelecidos com vários escritores que participaram no evento e com quem pôde abordar temas mais variados.
Na qualidade de munícipe disse não estar satisfeito devido à “fraca participação” e o “desinteresse” das pessoas, já que gostaria de ver salas cheias, com a presença de professores, alunos e que pelo menos um dos três presidentes de câmara “não tivesse viajado para fazer a honra da casa e dignificar o festival literário”.
Inforpress/Fim