A Associação Passadinha vai trabalhar a campa do compositor e interprete Daniel Varela “Putchota”, falecido a 07 de Dezembro de 2018, para dar a dignidade que o artista merece.
A informação foi avançada à Inforpress por Júlio Correia, um dos responsáveis de Passadinha, indicando que os custos com a aquisição da campa e da pedra, assim como a escultura da figura do artista na pedra e inscrição de passagem de uma das músicas que o tornou célebre serão suportados pela Associação.
Além desta iniciativa, Júlio Correia disse que conjuntamente com outras pessoas está a trabalhar num projecto maior, que foi socializado com o ministro da Cultura e que mostrou abertura em apoiar a ideia, que visa dedicar um dia ao artista Daniel Varela “Putchota”.
Segundo Júlio Correia, o grupo de trabalho vai propor à câmara e esta à Assembleia Municipal, no sentido de deliberar pela atribuição à rua onde nasceu o artista, a que liga a rotunda que dá acesso ao aeródromo de São Filipe até à rua da antiga central, o nome de “rua Daniel Varela – Putchota”, bem assim o arranjo de uma praceta onde poderá ser erigido um busto do mesmo.
Outra ideia projectada é a montagem de um espetáculo cultural com artistas do Fogo, residentes noutras ilhas e diáspora, sobretudo aqueles que cantaram Putchota, cuja receita seria destinada aos oito filhos menores do artista, disse Júlio Correia, observando que seria um espetáculo num espaço aberto de modo a poder contar com maior número de pessoas possíveis.
No caso de o projecto avançar, Júlio Correia disse que será realizado um programa “Um dia com Putchota” que consistirá numa romaria ao cemitério de São Filipe para visitar a campa devidamente trabalhada, seguindo-se a inauguração da rua com o seu nome e à noite a realização do espetáculo musical.
Avançou que estão, neste momento, em contacto com familiares e autoridades locais e nacionais, assim como com os artistas, prevendo que o projecto seja finalizado em meados de Junho, pela passagem do sexto mês do seu falecimento.
Putchota como era carinhosamente tratado por todos, foi um dos artistas (compositores) mais genuínos da ilha do Fogo e de São Filipe, em particular, abordando nas suas composições aspectos relacionados com a vivência social, através de críticas, e as suas músicas foram interpretadas por artistas de renome como Neusa, Assol e Nela de Maria, esta última a residir há vários anos nos Estados Unidos da América.
Em 2018 lançou nos Estados Unidos da América o seu trabalho discográfico, intitulado “Djarfogo in ca negabu”, com dez faixas musicais, todas da sua autoria e produzido por José Laço, que também fez os arranjos e masterização.
Além deste novo trabalho, Putchota gravou o seu primeiro trabalho discográfico no ano de 1998, com o agrupamento musical Raiz di Djarfogo, que pouco tempo depois do lançamento do trabalho acabou por desaparecer do panorama musical de São Filipe.
Neuza de Pina e Assol Garcia, ambas da ilha do Fogo gravaram músicas de Putchota como “cuidado na bu bida” uma coladera que retrata o comportamento de um colega que aplicou todo o dinheiro ganho na estiva na construção de uma casa, às vezes abdicando de comer, “lembrança antiga” que é um samba à moda do Fogo em que ele retrata os homens com quem conviveu.
Assol Garcia gravou a música “Merca I” que retrata a vida dos cabo-verdianos, sobretudo das mulheres da ilha do Fogo, que depois de emigrarem para os Estados Unidos da América deixam os maridos e casam na América com o desejo de se transformarem em cidadãos, e os maridos, por sua vez, acham que a mulher está ganhando dólares para o mandar.
Inforpress/Fim